O estresse é um fenômeno que nos acompanha durante toda a vida e em momentos específicos como numa guerra ele se torna preponderante e constante.
Se nós que acompanhamos a distância essa inconcebível guerra entre a Rússia e a Ucrânia, nos sentimos extremamente incomodados, revoltados e com uma reação emocional acentuada, imaginem aqueles que são os protagonistas nos locais onde essa barbaridade ocorre, num mundo que é considerado civilizado.
Os soldados sofrem traumas psicológicos durante e anos depois de lutar numa guerra e também desenvolvem uma saúde física mais precária. As pessoas que permanecem no campo de luta assim como os refugiados têm maior probabilidade de desenvolver doenças cardíacas provavelmente em decorrência do aumento do nível dos hormônios do estresse. Muitas pessoas e principalmente soldados desenvolvem o estresse pós-traumático (PTSD, em inglês). Além de problemas cardíacos os pacientes com PTSD, tanto os que participaram de combates quanto os outros, tiveram maior probabilidade de morrer em virtude de acidentes, uso de drogas ou suicídio.
E esse é um tipo de problema que não tem solução ou melhora a curto prazo. E às vezes perdura por toda a vida.
E tudo isso está acontecendo em uma época em que estamos vivenciando uma das maiores pandemias de nossa história e que tem ceifado a vida de muitas pessoas. Além dos efeitos específicos do Covid-19 no coração e em toda a circulação, temos um destaque para os aspectos emocionais que afetam não só os pacientes como sua família e em especial os profissionais da saúde.
Imaginem então a associação de uma pandemia e de uma guerra como a que ocorre no leste europeu. O povo, os médicos, enfermeiros e tantos outros profissionais, acabam sendo duplamente vítimas de problemas emocionais tais como: ansiedade, depressão, etc.; que por si só já são importantes fatores de desenvolvimento de doenças cardíacas como arritmias, hipertensão arterial, fenômenos tromboembólicos, etc. Isso ocorre em pessoas que não eram portadoras de doenças cardíacas, porém, as maiores vítimas são aquelas já portadores dessas morbidades cardiocirculatórias.
O que agora está acontecendo será motivo de relatos, estudos, livros e documentários, que serão transmitidos para as futuras gerações.
Quem poderia imaginar que teríamos uma pandemia como a do Covid-19 e uma guerra tão destrutiva e avassaladora como a que estamos presenciando?
Se alguém tivesse me sugerido há alguns anos atrás que esses fatos poderiam ocorrer, eu teria concluído que isso teria seria fruto de uma imaginação tão fértil como esdruxula e praticamente impossível.
Mas está acontecendo de verdade.
Elias Knobel
Saiba mais sobre como as emoções afetam o coração no livro: Coração… É Emoção, publicado pela Editora Atheneu e escrito pelo Prof. Dr. Elias Knobel.