São inúmeros os estudos sobre o malefício do consumo de álcool. Alguns atribuem um beneficio do uso de pequenas quantidades de vinho tinto, como os de Bordeaux, por exemplo. E outros demonstram a evidente relação que existe entre a ingestão de bebidas alcoólicas e a ocorrência de arritmias cardíacas como a fibrilação atrial. Esse estudo relatado sugere uma atitude drástica: “álcool zero para o bem do coração”(*).
Continuo acreditando que em muitas atitudes que adotamos na vida não podemos ser drásticos e devemos seguir o lema: “Nem sempre, nem nunca…” A moderação é a atitude mais racional, pelo menos nesse aspecto de ingestão de bebidas alcoólicas.
— Elias Knobel
“Não existe quantidade segura de consumo de álcool para o coração”(*)
O jargão amplamente divulgado de que consumir pequenas a moderadas quantidades de álcool é bom para a saúde cardiovascular não é apoiada por esse estudo , segundo a World Heart Federation (WHF), em breve resumo publicado.
As evidências são claras segundo esse estudo: qualquer dose de álcool ingerido pode ser prejudicial a nossa saúde.
“Nas últimas décadas, a prevalência de doenças cardiovasculares quase dobrou, e o álcool tem desempenhado um papel importante na incidência de grande parte dela”, disse a WHF em relatório.
“O papel do álcool como necessário para uma vida social vibrante tem desviado as atenções dos malefícios de seu uso, assim como as frequentes e amplamente divulgadas alegações de que o consumo moderado – como uma taça de vinho tinto por dia – pode oferecer proteção contra doenças cardiovasculares”, Monika Arora, membro do comitê de advocacia da WHF e coatora do resumo, disse em um comunicado a imprensa.
“Essas alegações são, na melhor das hipóteses, mal informadas e, na pior das hipóteses, uma tentativa da indústria do álcool de enganar o público sobre o perigo de seu produto”, acrescentou Arora.
As conclusões do WHF seguem um relatório recente na revista Lancet com base noGlobal Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study (GBD), que constatou que não há um nível seguro de consumo de álcool.
Em 2019, cerca de 2,4 milhões de mortes foram atribuídas ao álcool, representando 4,3% de todas as mortes no mundo e 12,6% das mortes em homens de 15 a 49 anos de idade.
Até mesmo o consumo de pequenas quantidades de álcool têm sido associadas com o aumento do risco de doenças cardiovasculares, incluindo doença coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, doença cardíaca hipertensiva, cardiomiopatia, fibrilação atrial e aneurisma, observa o WHF.
Estudos que afirmam o contrário são em grande parte baseados em pesquisas puramente observacionais, que não explicam os cofatores relevantes, segundo a organização.
Com base no resumo das evidências até o momento, não há correlação confiável entre o consumo moderado de álcool e um menor risco para doenças cardiovasculares.
O consumo de bebidas alcoólicas também é um “grande fator de risco evitável” para câncer, doenças digestivas, lesões intencionais e não intencionais e várias doenças infecciosas, segundo a WHF.
O consumo de álcool também tem custos econômicos e sociais significativos, que incluem custos para indivíduos e sistemas de saúde, perdas de produtividade, bem como o aumento do risco de violência, e atividade criminosa.
O estudo da WHF pede “ações urgentes e decisivas” para combater o aumento sem precedentes de morte e incapacidades relacionadas ao consumo de álcool em todo o mundo.
Ações recomendadas incluem o aumento das restrições à disponibilidade de álcool; avanço e imposição de contramedidas de consumo da bebida e condução; aumento do acesso à triagem, intervenções breves e tratamento para transtorno do consumo de álcool; impor proibições à publicidade de álcool; estabelecer uma idade mínima uniforme de acesso a bebida; e exigindo avisos/ advertências de saúde sobre produtos alcoólicos.
Fonte: Medscape