A páscoa judaica e seu sentido universal

As comemorações das Páscoas judaica e cristã, que tem início nessa semana, coincidem no calendário de 2017. E essas celebrações estão muito próximas no seu sentido e significado.

A Pascoa judaica comemora a libertação dos judeus da opressão e escravidão vividas sob o regime dos faraós no Egito. Até chegarem à terra prometida de Israel, os judeus vagaram durante 40 anos pelo deserto, ocasião em que Moisés recebeu no Monte Sinai a Tábua com os Dez Mandamentos. Essa foi uma das maiores conquistas éticas e morais da humanidade.

Hoje em dia, não se discute a origem judaica de Jesus e esse fato religioso aproxima em muito as solenidades de ambas as religiões.

A Santa Ceia, essa obra tão conhecida, representa um Seder de Pessach. Jesus e seus seguidores comemoravam com vinho e matzah (o pão ázimo) a libertação de seu povo da escravidão. Da mesma forma, nos dias atuais, as famílias se reúnem na cerimônia do jantar, quando se lê a hagadah, o livro que relata essa história de luta contra a submissão, tirania e violência em busca da liberdade, vivida por nossos antepassados.

O tempo passa e se formos analisar constataremos que vivemos nos dias de hoje situação semelhante em vários lugares do mundo. O despotismo, a intolerância, a falta de liberdade, as perseguições, os atentados terroristas, os refugiados expatriados e a falta de respeito com os princípios e valores da civilização são fatos incontestes e que demonstram como o nosso mundo está involuindo.

O que presenciamos nesse mundo considerado civilizado é uma pura negação dos verdadeiros princípios e valores apregoados por nossos ancestrais. As armas de destruição em massa e as substâncias químicas utilizadas nas guerras estão sendo empregadas de uma forma tão banal, irresponsável e desumana que se confundem com os mais aterrorizantes filmes de ficção que assistimos nos meios de comunicação.

Mesmo em nosso país, armas tão destruidoras têm sido usadas de forma equivalente no dia a dia e que ferem os mais básicos princípios da consciência humana: os assaltos, os arrastões, a fome, a miséria, o acúmulo de pacientes nos corredores dos hospitais e a falta das mais indispensáveis e básicas condições para a melhoria da saúde da população.

A palavra “Pessach” em hebraico significa travessia. E a grande travessia que todos almejamos só terá sentido se for feita com o envolvimento de todos os povos e irmãos que fazem parte da raça humana.

É o sonho de transformarmos esse mundo aético para um em que haja uma autêntica ética, com respeito a todos os seres que habitam nosso planeta. E que a existência solitária seja transformada numa vivência solidária de todos os povos do mundo.

 

Boas festas, saúde e felicidades a todos.

Elias Knobel